sábado, 28 de maio de 2011

señor tango



10 segundos de Piazzola aéreo...

girando a cabeça ao contrário como neste hemisfério

(...)
" Primero hay que saber sufrir,
después amar, después partir
y al fin andar sin pensamiento..."

Naranjo en flor, tango 1944

quinta-feira, 19 de maio de 2011

take me, home



they made it



up up up

down to home town ...






sobre a leveza

A primeira das seis propostas que Italo Calvino faz para o próximo milénio (este que estamos a viver) é a reconquista da leveza. Se tudo no tempo parece empurrar-nos com ilimitada gravidade para a rasura, temos de entender, então, a leveza como o ato de contrariar esse peso. De facto, somos chamados a “aliviar” a espessura de tudo aquilo que obscurece o texto do mundo e nos obscurece.
...
Com Calvino aprendemos duas coisas importantes sobre a leveza: a primeira de todas é que ela nos pede uma arte de resistência, pois só reconquistamos a leveza a custo de uma paciente luta (a maior parte das vezes connosco próprios); a segunda é a necessidade de activarmos a nossa capacidade de deslocação (na verdade, só um olhar peregrino possui a agilidade espiritual para não se deixar sequestrar pelo desânimo)
Fixemo-nos na primeira: uma atitude de resistência. A leveza convoca-nos para a redescoberta das fontes profundas e adormecidas do nosso Ser e da linguagem. Num mundo de ruído, de mensagens que se atropelam, de imagens que se devoram (e nos devoram) de tão repetidas e sobrepostas há que combater a banalização. Mergulhados num excesso de signos, nem nos damos bem conta da pobreza simbólica com que construímos, dia a dia, a nossa vida. Tornamo-nos mais consumidores, que criadores. A nossa acção confunde-se com um automatismo que renuncia à vocação que o gesto, a palavra ou o silêncio têm de impregnar o mundo de sentido.

Precisamos de leveza, então.

Isto é, de exactidão. Sim, não se pense que a leveza é simplesmente uma forma mais ligeira de conduzir a realidade, pois ela nada tem de ligeireza ou de superficialidade. Com razão, Calvino cita um verso de Paul Valéry:

«É preciso ser leve como o pássaro, e não como a pluma».

«Leve como o pássaro», quer dizer, autêntico, preciso, consistente. A leveza não tem a ver com plumas, mas com a aprendizagem do que é voar, do que é ascender, do que é desprender-se para ser.

A leveza é uma escolha.

A segunda tarefa passa pela sabedoria de não ficar aprisionado a um modo único de olhar a realidade. Italo Calvino explica-a deste modo: «Cada vez que o reino humano me parece condenado ao peso, digo para mim mesmo que […] eu devia voar para outro espaço. Não se trata absolutamente de fuga para o sonho ou o irracional. Quero dizer que preciso mudar de ponto de observação, que preciso considerar o mundo sob uma outra óptica, outra lógica, outros meios de conhecimento e controle». A leveza desafia-nos não a mudar de vida ou a romper com aquilo que estruturalmente somos. Pelo contrário, ela supõe uma aceitação. Mas incita-nos incessantemente a olhar a realidade quotidiana com olhos novos. Escrevia Saramago na conclusão do seu “Viagem a Portugal”: «Quando o viajante se sentou na areia da praia e disse: “Não há mais que ver”, sabia que não era assim.

O fim duma viagem é apenas o começo doutra. É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na primavera o que se vira no verão, ver de dia o que se viu de noite… É preciso voltar aos passos que foram dados, para os repetir, e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem…».

José Tolentino Mendonça



domingo, 15 de maio de 2011

Books, libros, livros...

BsAs, Capital Mundial do Livro 2011
foto da montagem da Torre de Babel dos livros de Marta Minujin


“ No hay en la vasta biblioteca dos libros idênticos” De esas premisas incontrovertibles dedujo que la biblioteca es total y que registran todas las posibles combinaciones (...) o sea, todo lo que es dable expresar: en todos los idiomas.

Todo: La historia minuciosa del porvir, (...)

Cuando se proclamou que la biblioteca abarcaba todos los libros, la primera impresión fue de extravagante felicidad. Todos los hombre se sentiran señores de un tesoro intacto y secreto. No habia problema personal o mundial cuya elocuente solución no existiera: en algun hexágono. El universo estaba justificado, El universo bruscamente usurpo las dimensiones ilimitadas de la esperanza."

“mi soledad se alegra con esa elegante esperanza”

Jorge Luis Borges*


in Ficciones - 1944

La Biblioteca de Babel






vi uma gigante torre crescer à "porta" de casa; uma grande biblioteca de Babel.

não faltou por lá a presença de Eça e Camões para marcar presença portuguesa e completar a confusão das línguas. (ao longo do percursos ouve-se em todas as línguas do mundo soar a palavra LIVRO)

Baptizada como Biblioteca de Babel, em homenagem a Borges* e à "criatividade e cultura de todos os povos do Mundo" segundo a criadora Marta Minujin, conhecida pelas suas criações "habitáveis" formadas por materiais como almofadas, colchões ou garrafas, que convidam o público a entrar nas obras para as viver.

Esta Torre de Babel lembra uma outra criação de Marta Minujin, o Partenon dos Livros, construído em 1983 em Buenos Aires com títulos proibidos durante a ditadura militar (1976-83), para uma reflexão sobre a censura. E outras peças divertidas como La Menesunda um labirinto com surpresas dignas de um percurso da Alice no País das Maravillas.



No final desta intervenção urbana com concertos e iniciativas literárias todos os dias (hoje ouviu-se Beethoven na Praça San Martin com orquesta completa ao ao livre), na desmontagem os visitantes podem levar um livro à escolha (dos 30.000 doados) e os restantes vão formar a 1ªbiblioteca multilingue de BsAs, uma cidade construída por tantas línguas.



curiosidades

Babel, em hebraico Bavél, significa "confundir"



e da cidade com mais livrarias e alfarrabistas por m2,
as minhas livrarias preferidas

assunto impresso
cine SI
Libros del pasage

e tantas outras...




quién se anima? ;)

domingo, 8 de maio de 2011

cine en casa



"My religion is very simple. My religion is kindness"
Dalai Lama




com sessão dubla de outro filme de 1997,
bem velhinho do clubvideo da esquina
que à partida se diria nada que ver uno y otro
mas afinal descubro que sim

dos efeitos do progresso,
(que Mao tenta introduzir a todo o custo no Tibete)
da perda de valores, do equilíbrio, da valorização do Homem
as falhas da sociedade maquinista
e da resistência para as ultrapassar



"The cycle of impermanence" que cores...