terça-feira, 23 de novembro de 2010

sabedorias

" Cada pessoa tem que enfrentar uma separação diferente. Mas sabes, eu acredito que a vida é uma coisa boa, acredito que é bela. talvez neste momento tu não encares as coisas assim, mas é isso que eu sinto, de um modo muito real, a vida é bela.

O meu avô pareceu submergir-se nas suas próprias palavras, mas depressa se voltou para mim e perguntou:
- Qual achas que é o verdadeiro carácter da beleza?
- passo - respondi-lhe com brusquidão.

- Na vida há coisas que podem ser concretizadas e outras que não podem- disse o meu avô - as que se concretizam, esquecemo-las imediatamente. Contudo, as que não conseguimos concretizar, guardamo-las eternamente no nosso coração como algo que nos é muito caro. É o caso dos sonhos e dos desejos. Pergunto-me se a beleza da vida não residirá no que sentimos em relação ao que não foi concretizado. Mas o facto de não se ter concretizado não quer dizer que se tenha malogrado inutilmente, porque a verdade é que já se materializou em beleza.

(...)
- tudo isto me parece um jogo de palavras.
- bem de acordo - disse o meu avô sorrindo placitamente - o acto de pensar, em si mesmo, não é mais do que isso. É melhor ter consciência que não há nada que seja suficiente. Apesar de às vezes pensarmos que algo é suficiente, passado algum tempo temos a sensação de que é insuficiente. E é preciso repensar as partes insuficientes e, desse modo, a pouco e pouco, os nossos pensamentos vão-se adequando mais ao que sentimos realmente. É assim que as coisas são."

Kyoichi Katayama, excerto do livro terminado à pouco " Um grito de amor desde o centro do mundo"


lembro também palavras paternais de que
"só nos arrependemos daquilo que
não fizemos"...

(assim, será melhor o fazer, ou não fazer? um pouco de cada)


" Temos todos duas vidas:
a verdadeira que é a que sonhamos na infância,


E que continuamos sonhando, adultos, num substrato de névoa;

A falsa, que é a que vivemos em convivência com outros
Que é a prática, a útil.

Na outra somos nós, Na outra vivemos.
"

(Fernando Pessoa)





"Somos responsáveis não só pelo que fazemos, mas também pelo que deixamos de fazer. "
Moliére


_as dúvidas da ida no Natal a bater forte...

1 comentário:

m disse...

se esse grito tiver que atravessar o atlântico, tranqui, eles ouvem.